terça-feira, 20 de julho de 2010

A propósito do álbum...

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Edição adaptada da tese de doutoramento de Teresa Duran, esta obra aproxima-se, conforme indica na introdução, de um ensaio divulgativo, especialmente voltado para o estudo do livro infantil e da leitura enquanto ferramentas de comunicação/cognição. Partindo de uma ampla análise teórico-crítica sobre questões ligadas aos processos de comunicação e de leitura, a autora procura demonstrar a que níveis se estruturam, interagem e operam as distintas linguagens – verbal, visual e oral – que enformam o livro, e mais concretamente o conto, na activação da percepção visual e do desenvolvimento cognitivo da criança, assim como das suas competências leitoras. Para a observação de analogias entre ambos tipos de recepção leitora, tanto da narrativa verbal como da visual, a investigadora centrou-se num modelo que considera paradigmático e, como tal, promotor de todos os tipos (e efeitos) de leitura explorados – o álbum ilustrado para a infância.


Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)


terça-feira, 6 de julho de 2010

Matilde Rosa Araújo (1921-2010)

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Ainda consternados com a perda de José Saramago, no passado dia 18 de Junho, vemos partir, hoje, aos 89 anos, Matilde Rosa Araújo, uma figura incontornável do panorama literário para os mais novos, que muito nos deixou para ler e sonhar. Adeus Matilde.

Álbum e Arte de mãos dadas...

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Autêntico passaporte para o mundo da Arte, Anthony Browne veste, neste álbum original e carregado de humor, a pele de uma das suas mais célebres personagens – Marcel (ou Willy, na sua versão original), o pequeno chimpanzé que, a cada aventura, se defronta com um universo de gorilas – e resolve retomar umas das suas primeiras actividades, recriando alguns dos mais importantes mestres da pintura (Da Vinci, Botticelli, Van Gogh, Manet, etc.). Em jeito de referências intertextuais, com recurso à paródia e ao pastiche, o autor soma, ainda, inúmeros pormenores inesperados às diversas obras clássicas que caricaturiza, estimulando o interesse dos seus destinatários preferenciais pela história da Arte, num livro simultaneamente lúdico e informativo. Esta mostra criativa encerra com um pequeno “glossário” dos quadros originais, atraindo mais do que um público leitor, seja ele erudito ou não no domínio das artes plásticas e da pintura.





Carina Rodrigues (
in Casa da Leitura)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Livros OQO entre os melhores de 2009

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Desde a sua criação em 2005, a OQO editora não deixa de ser galardoada pela sua criatividade e o seu original labor. Os álbuns Cantas pingas na cidade! e Os mil brancos dos esquimós (ainda sem edição em Portugal) foram recentemente distinguidos com o segundo e terceiro prémio ao "Libro Infantil e Xuvenil Mellor Editado en 2009", outorgados pelo Minisrio de Cultura de Galiza.

Cantas pingas na cidade!, obra que assinala a estreia da dupla-autora Eva Montanari na OQO, recria a viagem alegórica e fantástica de dez gotas de água que, sob pretexto de um ligeiro aguaceiro, se apressam a explorar os encantos do universo citadino. Num formato original, pela sua configuração vertical que favorece a extensão das ilustrações em página dupla e reforça os efeitos de superfície e profundidade explorados, este álbum revela uma fiel combinação entre as duas narrativas que o encorpam. O texto verbal, carregado de lirismo e suportado por uma estrutura paralelística, abraça um universo plástico inovador, que, mediante unha amálgama de técnicas e materiais, dá vida a um conjunto de inusitadas e atraentes personagens antropomorfizadas, numa obra sublime sobre a importância de se saborearem as mais pequenas coisas da vida, até as que, surpreendentemente, “caem do céu".

O livro de autoria lusa, Os mil brancos dos esquimós, com texto de Isabel Minhós Martins e imagens de Madalena Matoso, conduz o leitor pelas brancuras do Árctico, estimulando a sua curiosidade para a vida da civilização esquimó. Na voz de um pequeno inuíta, dão-se a conhecer os mais variados tipos de branco que este povo tão exótico distingue para a sua sobrevivência. Dotado de uma componente verbal particularmente singela e atractiva, próxima do registo infantil, a obra compõe-se, ainda, de um conjunto amplo de expressivas e originais ilustrações em formato sangrado, assentes no recurso ao recorte e à colagem de diversos materiais reciclados, e harmoniosamente articuladas com o ambiente natural sugerido, centrando-se nas personagens e nos momentos-chave da diegese.

Carina Rodrigues (in El Correo Gallego)